A minha formação técnica no início de minha vida profissional e minhas experiências de vida me deram muitos embasamentos na construção de minha vida profissional hoje.

Tenho os dois lados, técnico, racional e artístico.

Passei por artes gráfica, cenografia, entre outros, além do meu hobby que amo experimentar cores, tintas, desenhos. Tenho paixão pela natureza. Esse lado me faz desenvolver o lado não palpável, da sensibilidade e da percepção.

Passei pela formação técnica de desenhista de estruturas navais, onde me formei na ETAMRJ (escola técnica do Arsenal de Marinha do RJ) e não tinha recursos da informática. Desenhávamos até a rosca dos parafusos, tudo à mão.

Tudo era muito calculado, embasado tecnicamente. Milimetricamente. Não podia ter erros.

Só mais tarde ingressei na arquitetura e me deparei com um confronto do que era a arquitetura e o que eu imaginava que seria. A vida prática não é glamourosa como muita gente imagina. O glamour é para poucos.

Na faculdade, cheia de sonhos, meus desenhos no primeiro ano eram “pegos emprestados” pelos professores para mostrar para os alunos do quarto ano.

No ensino de arquitetura tivemos muitas teorias, sem sombra de dúvidas, todas elas muito importantes.

Mas faltava mais conteúdos práticos, muitos na verdade, para exercer um dos braços da arquitetura; quando se trata de obras e execução, a gente de fato só aprende quando entra no mercado de trabalho.  Digo um braço, porque na verdade a arquitetura é muito ampla e nos dá a possibilidade de exercer muitas coisas relacionadas que as pessoas nem sequer imaginam.

Diferente lá no início da minha primeira profissão que estávamos prontos para o mercado. Eu mesma na época foi aproveitada para compor o quadro de profissionais. Terminei o curso, conclui o estágio e estava empregada, lá mesmo. Tive que sair da profissão quando me tornei mãe para cuidar da minha filha.

Muitas mulheres passam por essa fase, hoje a internet ajuda bastante a poder trabalhar de casa e cuidar simultaneamente.

Quando terminei a arquitetura, mesmo tendo passado por algumas áreas diferentes em estágio, eu me perguntei e agora? Eu não estou pronta.

E aí vem o medo na primeira reforma que você precisa fazer. Ou vamos com medo mesmo ou não avançamos. É assim na vida em muitas situações.

Eu percebi que realmente tinha muito ainda que aprender. E fui enfrentando cada desafio, e mesmo ainda hoje, depois de tanto tempo, ainda tenho muitos desafios a enfrentar. E na verdade sempre teremos. Quem pensa que termina a faculdade, ou já está no mercado e não precisa mais se preocupar em avançar, está literalmente para traz.

Estamos vivendo cada vez mais avanços tecnológicos, cada vez mais rápidos, em todas as áreas, e temos minimamente tentar nos atualizar no que for possível. É humanamente impossível acompanhar tudo, todo o progresso e novidades no mercado.

Um projeto de arquitetura só faz sentido se for executado. E sem sombra de dúvidas, obras em contexto geral é sempre um grande desafio.

O que a gente encontra na maioria das vezes é falta de planejamento e gestão pelos próprios executores que chegam e falam a gente faz.  E na prática, quando a gente vê de fato, faz bem mais ou menos, quando faz.

Falta de comprometimento. Vão fazendo de qualquer jeito para terminar, sem o capricho necessário.

Mão de obra desqualificada, mas se acham o dono da cocada e são bons em vender seus serviços. Já perdi proposta de projeto para um pedreiro que se vendeu que fazia o serviço e não precisava de projetos. Tenho que aplaudir sua capacidade de convencimento, mesmo que na prática não está certo sua afirmação, mas soube vender “seu peixe”.

A experiencia foi me mostrando quão falho era e é o processo da execução.

E com isso as pessoas na maioria das vezes realmente pensam que projetos não são necessários nem importantes.

A mão de obra hoje dos poucos jovens que tentam entrar no mercado, não são mais comprometidas como eram os de antigamente. Os profissionais mais antigos estão se aposentando. O mercado está realmente carente de mão de obra. O que torna um desafio ainda maior para a construção e reforma.

Mas é claro, tem sim os bons profissionais, ainda que poucos, para atender ao mercado. E esses são bem disputados.

É um paradoxo, centenas de empreendimentos surgem frequentemente com a construção de enormes edifícios, têm grandes equipes de execução e as reformas que precisam ser executadas carecem de profissionais.

Eu ficava pensando comigo mesmo, deve haver um jeito para eu contribuir pelo menos com informações de como se deve proceder para quem deseja fazer uma reforma ou construir algo de pequeno porte e não ficar refém do que um pedreiro diz.

A história se repete, na maioria dos casos, obras só trazem prejuízos, desgastes emocionais, serviços que não foram concluídos ou precisam ser refeitos.

E por outro lado o cliente pede uma coisa, muda durante a execução, faz e refaz, não tem a visão do todo porque não foi feito todo o processo que deveria ter sido feito. Ou ainda, nem a própria pessoa sabe direito o que quer.

E sim, esses casos são sempre de prejuízo. E muito prejuízo.

Então o problema está em ambos os lados.

Cada vez que eu tinha a oportunidade de passar por uma reforma, era chamada para ‘apagar incêndios’, era aquelas que eu entrava no meio do processo e via certas coisas acontecerem, eu realmente não me conformava. Me estressava, porque o cliente não tinha a percepção do que poderia melhorar se parássemos para recomeçar de novo e fazer direito.

Em algumas vezes eu passei tão mal de me envolver tentando solucionar problemas que eu não conseguia e sabia que seria difícil de conseguir, porque tudo já havia começado de forma errada, ainda assim eu me sentia fracassada.

A experiencia e vivência vai nos aprimorando.

Sempre eu busco me atualizar, aprender novos caminhos, novas abordagens, a gente não pode parar. Ainda assim é um enorme desafio enfrentar uma obra que começa errado e me chamam para tentar dar um jeito.

Como eu disse a experiencia vai nos conduzindo e hoje eu me convenci que definitivamente não dá certo. Mesmo que eu queira ajudar, eu sempre quero ajudar, fazer meu trabalho valer a pena, se não for feito como deve ser, não vai funcionar.

É muito difícil mudar padrões que estão enraizados nas pessoas por anos, décadas. Em qualquer coisa, em qualquer área.

É sempre um trabalho árduo. Resolvi encarar e tentar contribuir, pelo menos propagando conhecimento, com essa mudança, com esse desafio para que as reformas tenham mais sucesso, tenham menos prejuízos, as pessoas entendam como devem ser feitas todas as etapas.

O conhecimento carece em muitas pessoas inclusive nos profissionais e até engenheiros e gestores. Como eu disse a universidade não prepara totalmente para o mercado, a vida prática é que vai nos moldando. Mas não basta a prática, é preciso ter conhecimento, continuar estudando e se aprimorando.

O mercado é deficiente e o resultado é o que a gente encontra por aí em obras de pequeno porte:

Resultados de obras e reformas que são insuficientes, pessoas que não querem mais saber de um arquiteto ou gestor e elas mesmos resolvem fazer suas obras com somente um pedreiro. E sempre prejuízo envolvidos no processo.

Meu intuito é somente cooperar um pouquinho com meus conhecimentos e algumas experiencias para que sua experiência no processo da sua reforma ou construção seja mais agradável.

Por Onde começar?

Por onde começar uma reforma? O que precisa saber para iniciar?

Já sei o que você vai me responder, você vai me dizer que vai já pedir indicação daquele pedreiro que fez a reforma da sua amiga.

Esse procedimento é o que a grande maioria faz. E já começa pensando que vai economizar. Mas eu garanto a você que esse pensamento está errado.

Comece do início. Faça projetos!

Sim, projetos darão um “norte” de todo o processo da sua obra ou reforma. E farão você economizar.  Seja a obra do zero ou obra de reforma. A maioria pensa que pode economizar com projetos, principalmente quando é uma obra pequena ou uma reforma pequena.

Infelizmente isso já virou cultural. Não precisa do arquiteto. Os profissionais de arquitetura são muito desvalorizados.

E de quem é a culpa?

Talvez de nós mesmos por falta de orientação.

Talvez do mercado por ser pouco ou nada profissional. Talvez pelas práticas informais. E, infelizmente, pela falta de recursos de muitas pessoas.

Não vem ao caso apontar o dedo para quem é o culpado, são muitos fatores.

A verdade é se você vai construir ou reformar, você vai precisar investir em uma boa quantia de seus recursos. E garanto que qualquer pequena reforma você já vai ter que investir em um montante considerável de recursos. E não vai economizar se não contratar um profissional de arquitetura, ou engenharia. Muito pelo contrário.

Eu digo que uma obra é um investimento, não um custo. É um investimento para sua saúde física e mental, para sua qualidade de vida.

Pode acreditar os espaços, os ambientes interferem no comportamento e na saúde física e mental.

Meu intuito é orientar, balizar os pontos importantes, fazer você perceber que é chave importante em todo o processo.

Não é para você ser o arquiteto e nem o mestre de obras. Cada um com suas funções. Mas é preciso estar ciente em todas as etapas.

Para começar

Antes mesmo de iniciar as fases do projeto pense no que você realmente deseja. Ou de fato gostaria.

É comum as pessoas buscarem referências de imagens nas plataformas de redes sociais, revistas etc. Ok. Mas isso não é projeto e nem define o que você quer e o que você precisa. E aí já começa um grande erro, que se repete por muitas pessoas.

Aquela coisa de contratar o pedreiro antes e falar, ah gostei dessa referência e quero uma parecida ou até mesmo igual. O fato é nem sempre é possível.

E outra questão ainda mais séria, pode não fazer nenhum sentido na sua reforma e isso trará impactos negativos em muitos sentidos, até no âmbito psicológico, emocional e de saúde.

Nessa primeira fase é o tempo que se pode pensar, mudar, alinhar, ajustar. Quando isso acontece na execução da obra, pode ter certeza de que será prejuízo certo.  E muitas vezes em prejuízos de grande montante.

E de fato, isso acontece muito nas obras. Contratou um pedreiro. Pediu para fazer como uma referência ou as vezes até sem a referência, vai tentando explicar para ele o que quer; ele interpreta do jeito dele e assim vai. E aí nesse momento, começam os transtornos. Fazer e refazer e tudo de novo, porque não era bem isso que queria, alguma coisa não ficou legal. Enfim.

No início de tudo deve ser o momento de alinhar as expectativas com os usuários do espaço. Mapear as necessidades de cada um, os sonhos de cada um. Isso é o primeiro papel do arquiteto. Auxiliar nesse processo.

Aqui, em primeiríssimo momento pode se fazer esse alinhamento somente com os integrantes, usuários do espaço. Isso no caso de uma residência. Em um comercio ou serviço, entre os proprietários. Mas logo em seguida já deve- se contratar um profissional que irá orientar e conduzir na etapa inicial e nas demais etapas.

Eu sempre falo: Comece sempre com uma consultoria.

Uma consultoria tem um intuito de primeiramente orientar. O profissional não vai te dar um projeto em uma consultoria. Um projeto demanda tempo e tem etapas. Até existem consultorias de projetos, com uma entrega mais simplificada, que pode ajudar com direcionamentos de interiores por exemplo. Mas uma consultoria, inclusive pode ser interessante para tirar dúvidas, conhecer o trabalho do profissional, conhecer o profissional se vai ser uma pessoa que vai se conectar com você. Enfim.

O papel do profissional é para alinhar desejos e funções. E sugerir melhores opções para determinado contexto que traduzam esses desejos e necessidades.

O espaço precisa ser funcional. Precisa ser belo e funcional.

Aqui um exemplo que ocorre um grande erro pelos clientes que estão fazendo as suas obras sem um profissional ao seu lado, quando eles vão para a escolha dos materiais. Já começam comprando material para o pedreiro começar sem mesmo se saber o que realmente vai ser feito. Pensam que sabem.

E quando falo na escolha errada dos materiais, eu quero dizer que a escolha errada pelos clientes é porque não leva em consideração as características técnicas dos materiais.

Imagina a situação, o cliente sozinho em uma home center ou uma dessas loja de construção que tem de tudo, ele vai sem um profissional junto porque acha que vai economizar e vai olhando e vai escolhendo aleatoriamente. Um revestimento aqui, outro ali, um produto, vai fazendo suas compras.

O problema além de não ter o planejamento necessário, inclui que um vendedor dessas lojas nem sempre tem qualificação técnica necessária para orientar. O cliente faz suas escolhas e leva em consideração “beleza” e principalmente preço.

Eu percebo que é um momento que os clientes, de algumas classes sociais, têm prazer em fazer suas compras para a sua obra. Aliás, finalmente vão realizar seu sonho. Isso é bastante comum. Vão às compras com muita satisfação.

Acontece, que muitas vezes os problemas, o que chamamos de patologias, só vão aparecer com o uso.

Revestimentos que não são adequados para áreas molhadas ou não são adequados para áreas externas, são muitas situações que ocorrem pela falta do conhecimento e escolha errada dos materiais.

Uma observação aqui, o que estou descrevendo refere-se a  um exemplo de uma classe média, que conseguiu juntar uma reserva para poder construir ou que tem condição de fazer um financiamento ou já chegou em um patamar que consegue bancar um custo mensal para a obra.

Esse é um momento de investimento, então por que não fazer de maneira correta?

O mercado oferece muitas variedades de materiais para todos gostos e bolsos. Porém é importante que suas características sejam respeitadas.

Entre os materiais, os revestimentos são os itens mais comuns que os clientes querem comprar já antes mesmo de começar. Esses materiais têm muitas características técnicas que são importantes tanto para a forma do assentamento como para o local onde serão usados. E é por isso eu falo que muita coisa só vai aparecer com o uso.

Por exemplo a pessoa compra um revestimento que pede uma junta de 3mm e ele assenta sem junta. Esse é um tipo de patologia que vai aparecer com o uso, com as diferenças de temperatura. Em um banheiro por exemplo, quando usar um chuveiro quente ele pode precisar dilatar e não vai ter espaço para fazer isso, vai trincar e vai soltar. Esse é só um exemplo entre muitos.

Já imaginou essa situação da obra pronta e ter que refazer tudo?

Voltemos ao início, como eu estava falando.

É preciso em primeiro lugar apontar as necessidades de uso. E isso é individual. Cada projeto deve ser feito de forma personalizada. Sei que isso demanda um certo tempo, e as vezes bastante tempo, mas em compensação o espaço ficará como desejado.

Eu preciso também fazer um alerta. Infelizmente nem tudo são flores.

Quando se contrata um profissional, existem vários tipos de profissionais, que trabalham de formas diferentes. Como médico, tem todos os tipos. Os que te “examinam” em cinco minutos e nem ouviu direito o que você disse; os que levam 30 minutos em uma consulta, os que sabem muito de tudo, os que sabem muito somente de uma disciplina, os que parecem que estão na profissão errada, os que parecem que nasceram para a profissão, assim também são os arquitetos e engenheiros.

Existe aquele arquiteto de nome, que já fez sua fama, tem sua equipe e as vezes uma ou várias equipes grandes. Um cliente que procura esse profissional, poderá ter ou não, contato com esse profissional, as vezes nenhum contato. Quem conduzirá todo o desenvolvimento será a equipe que é composta de outros profissionais e muitas vezes com vários estagiários. Então não se iluda achando que aquele nome fará seu projeto e/ou sua obra. Você irá contratar um escritório que tem um nome já conquistou seu mercado e sua clientela. Não necessariamente ele conduzirá seu projeto.

Outro tipo de arquiteto, tem seu escritório, as vezes tem uma pequena equipe, ou as vezes não. Terceiriza serviços complementares. Esse arquiteto pode estar junto, participando do processo, e depois a continuidade é seguido pela equipe. Ou pode ser que ele conduza todo o processo e esteja junto em todas as fases que passa um trabalho de um arquiteto.

Tem um outro tipo que é o arquiteto que não tem sua equipe.  E não tem um escritório. Está em home office. Se precisar ele terceiriza algum serviço. Porém, alguns desses profissionais vão estar mais presente em todo o processo.

E tem o arquiteto que faz questão em estar junto em todo o processo. Eu me incluo nesse perfil. Quando possível gosto de estar junto em todo o processo, desse a descoberta do que o cliente deseja até a finalização da obra.

Independe do tipo de arquiteto, ou do escritório que ele está inserido, o que configura um bom profissional é sua capacidade de conduzir as etapas e poder orientar e conduzir seu cliente na boa prática da arquitetura.

O que é importante é perceber que são pessoas envolvidas, tanto de um lado como do outro. No final das contas tudo se resume em pessoas. As pessoas têm personalidades, comportamentos, histórias de vidas diferentes. Entre profissional e cliente deve haver uma certa harmonia nessa relação profissional.

Sabe aquela coisa que as vezes as pessoas sentem, ah não fui com a cara desse sujeito; nesse caso é melhor nem começar. Já pensou em ter que passar todo o processo que as vezes levam muitos meses sem ter afinidade com a pessoa?

Mais uma razão porque eu sempre falo, comece com uma consultoria.

Contrate uma consultoria, contrate outra, escolha seu profissional.

Eu já presenciei muitas coisas e sabe aquela coisa se contar ninguém acredita? São situações realmente inacreditáveis.

Escolheu o profissional, contratou o arquiteto, ou engenheiro em alguns casos, a partir desse momento você tem direito de saber o que acontece, o porquê das coisas.

Você não vai ser o arquiteto e quando chegar a etapa da obra, você não vai ser o mestre de obra. Mas você deve participar junto, ter ciência das etapas, ser colaborativo e participativo quando for requisitado.

Faça um contrato com o profissional. Tudo o que se pretende fazer deve estar no contrato. Ou em uma proposta. E deve ser assinado por ambos.

Se deseja comparar mais de um profissional antes de escolher, é preciso que essa comparação seja feita de maneira coerente com os mesmos itens.

Nem as bananas têm o mesmo preço na feira. É preciso comparar as que tiverem o mesmo tamanho, a mesma qualidade, forem do mesmo tipo. Ai sim pode-se escolher em qual barraca vai comprar.

Com um profissional é a mesma coisa. Eu sei que isso é bem difícil no início. Nosso trabalho em um primeiro momento é subjetivo. É impalpável. É diferente de quando vai a uma loja, escolhe um produto, embrulha e leva para casa. E por essa razão fica mesmo muito difícil escolher e comparar valores.

Por essa razão, faça perguntas. Procure saber o que o profissional vai fazer. Como vai fazer. Quais as etapas, o que vai estar incluído nos serviços.

Logicamente na prática, nós arquitetos, gostaríamos de fazer todos os projetos, todas etapas, tudo como deveria ser. Mas nem sempre conseguimos. E por isso essa conversa deve ser franca entre o profissional e o cliente. Deve-se avaliar caso a caso.

O cliente gosta e quer imagens bonitas. Isso não é projeto. O projeto precisa especificações, só assim poderá saber o que e como será construído. Uma imagem bonita pode ser considerada um estudo preliminar. Não é um projeto executivo.

Uma imagem bonita que se busca na internet como referência nem sempre é executável. E nem sempre traduz a realidade que se deseja coerente com cada situação.

Aliás, só um parêntese, quando uma obra ou reforma tem necessidade de aprovação na Prefeitura, um projeto de Prefeitura também não é um projeto executivo.

O que o cliente pode pagar? O que o profissional pode entregar?

Não vai adiantar o cliente querer exigir coisas que não foram acordadas. Todo trabalho de um arquiteto demanda muitas horas. Não se aperta um botão e sai todo o projeto pronto, lindo e maravilhoso como muita gente pensa. Como aparece em propagandas de muitos aplicativos. Apesar das inteligências artificiais terem evoluído bastante, ainda assim não fazem um projeto pronto somente com alguns cliques.

Concordo que as inteligências conseguem gerar imagens a partir de um comando. Mas não é o seu projeto. Entenda isso.

A tecnologia ajuda em muitas coisas, sem sombra de dúvida. Eu mesma quando comecei minha profissão não existia nem computador em casa. Tudo era feito à mão. Errávamos um desenho, as vezes conseguíamos apagar com uma gilete, as vezes rasgava. E tínhamos que começar de novo. As vezes a pena entupia das canetas de nanquim e de repente saia um borrão. E lá ia embora muitas horas de trabalho e tínhamos que começar tudo de novo.

E nesse sentido eu posso dizer que hoje, não tem comparação com o que era. E viva a tecnologia. Conseguimos consertar um desenho, alterar sem ter que partir do zero tudo de novo. E ainda podemos enviar para qualquer lugar, trabalhar de qualquer lugar.

Nas outras áreas a tecnologia tem trazido muitos avanços. E ainda teremos muito mais, o que é difícil até de imaginar.

O computador, o software, são ferramentas de trabalho. Apenas ferramentas de trabalho, como eram os compassos, réguas, normógrafos. Apenas ferramentas. O computador ainda não faz sozinho. Pode ser que um dia venha a fazer. Mas ainda não. Demanda tempo. E precisamos sempre nos atualizar, capacitar para poder dar conta minimamente desse avanço tecnológico e inclui em aprender a operar esses softwares para continuar na profissão. Além da capacitação em outras áreas correlacionadas. Mesmo que ele já tenha uma equipe que produza para ele, ele precisa conhecer.

Na verdade, um profissional de arquitetura tem muitos outros conhecimentos além dos conhecimentos técnicos. Pelo menos deveria ter. Quanto maior o repertorio de um arquiteto, maior é seu valor, e logicamente ele vai poder entregar seu trabalho com mais complexidade e assertividade.

Por outro lado, a limitação financeira do cliente pode não conseguir pagar por tudo que o arquiteto tem para oferecer.

Então na negociação é preciso saber o que o profissional pode entregar nas condições que o cliente pode pagar. É o primeiro acerto para uma boa relação do processo futuro da obra ou da reforma.

O arquiteto precisa estar ciente disso assim como o cliente.

Não adianta o arquiteto fazer mais coisas do que o combinado e querer ganhar no final. Isso não é correto. Ele pode até fazer mais que o combinado, mas por conta própria. Eu já fiz isso muitas vezes. E já tive clientes que no final me deu um pagamento a mais em reconhecimento. Mas isso realmente é raro de acontecer.

Como também o cliente não pode ficar cobrando por coisas que não foram acertadas e nem combinadas. Isso costuma acontecer com certa frequência.

Na realidade, como ela realmente é, o fato é que nem sempre conseguimos seguir com todo os projetos executivos e detalhamentos. Muitas vezes o arquiteto vai resolvendo no canteiro determinadas situações. Mas para isso o profissional tem uma certa experiencia de obra. E vai precisar acompanhar o andamento das obras.

Um arquiteto custa caro? 

Depende do ponto de vista. Afinal de contas, o pagamento é a moeda de troca e deve ser justa, coerente com nossos custos e lucro. Ser arquiteto demandou horas de estudos, estágios, investimentos diversos, dedicação o tempo todo, horas sem dormir, multitarefas. Além disso também pagamos impostos e precisamos de recursos para exercer a profissão. E no fundo o nosso trabalho será a ponte de um investimento para melhor qualidade de vida.

Nem sempre o arquiteto vai entregar tudo e o cliente nem sempre pode querer tudo.

Quais itens devem estar no foco da atenção?

Como eu disse, o trabalho do profissional vai depender do que o cliente pode pagar e o que o profissional consegue entregar no acordo que fizeram para iniciar os serviços. Aquela frase, não existe milagres, nem almoço grátis.

Vamos imaginar uma situação ideal. O profissional vai estar junto em todas as etapas, até a finalização com a decoração. Dependendo do porte dessa obra, serão alguns meses pela frente, e até, talvez, mais de um ano.

Seja uma obra do zero ou uma reforma, o profissional vai iniciar em investigar os usuários, o local, as legislações.

É claro se para uma obra nova, terá aspectos diferentes de uma reforma. Mas o início é sempre uma investigação.

A reforma tem algumas particularidades diferentes, podem ter imprevistos e ter que se resolver em um prazo curto, muitas situações podem ocorrer sem estar na programação.

As surpresas encontradas pelo caminho, principalmente quando não se tem registro de como foi construído podem fazer ter que mudar todo um projeto e refazer planejamentos.

Retomando ao início do processo, a primeira investigação é sobre as necessidades do uso. Seja residencial, comercial, de serviço, industrial. Cada um com suas particularidades.

O que aquele ambiente, aquele espaço, precisa ter para ser funcional. Para ter a função que precisa ser.

Eu entendo que tudo é importante na arquitetura e como eu disse cada profissional tem um repertório e uma forma de trabalhar diferente.

E o profissional também tem especialidades diferentes, Como um médico. E as vezes se um ambiente tem algo muito peculiar, é preciso um especialista para poder propor as soluções, sejam por exemplo junto com a engenharia.  Ou então, usos muitos específicos como por exemplo, um hospital, um aeroporto que têm demandas diferentes e particularidades diferentes. Para esses projetos são necessários profissionais especialistas nessas áreas.

Em uma residência, em alguns usos, podem acontecer de precisar de especialistas em determinadas áreas.

Por exemplo. Sua casa vai ser grande. Ou sua casa já é grande e na reforma você vai querer um home-theater.  Esse trabalho que precisa de instalações de aparelho de sons, instalações especificas, deve ser feito por um especialista. Mesmo que esses serviços sejam terceirizados.

As funções, o que o ambiente precisa ter para funcionar como o usuário deseja, estão em todas as coisas que fazem parte do ambiente. É um conjunto. E precisa ser pensado no todo.

Isso as pessoas nem fazem ideia. Porque em muitas situações as coisas são tão simples, que as pessoas não se atentam para esses detalhes.

Outro exemplo, será feito uma reforma onde os usuários para o novo ambiente são pessoas idosas.

O que precisa ter e como deve ser esse espaço para que os usuários estejam confortáveis, circulem com segurança, faças as atividades que o ambiente propõe com conforto. São muitos itens que o profissional deve atender para a investigação de poder saber o que vai propor como solução no projeto.

O projeto caminha junto em todos os aspectos. Função e beleza. Não basta só pensar na função, como não basta só pensar na beleza. O ambiente deve ser pensado no todo.

Até aqui o arquiteto está só investigando.

As investigações são feitas de diversas formas. Questionários, testes, bate papo. O tal do briefing como as pessoas chamam. É importante mapear todos os aspectos inclusive quanto se deseja investir na reforma.

Na investigação tem a parte da legislação. Alguns projetos de reforma precisam passar pela aprovação das Prefeituras. E todos os projetos novos têm que passar pela aprovação na Prefeitura.

Dependendo onde se situam, tem condomínios que tem suas próprias legislações. Então são projetos que além das legislações municipais devem atender também as do condomínio.

Essa investigação deve ser feita no início. É muito comum a pessoa ter um sonho de uma casa e quando se vai consultar a legislação nem tudo é permitido como ela gostaria. Ou mesmo em uma reforma, o cliente acredita que poderá ampliar, ou encostar no vizinho, mas a legislação não permite. E se fizer a obra pode ser embargada e ainda receber multas até a regularização que pode ser em ter que demolir o que foi feito em desacordo.

Todos os itens na investigação são importantes.

Outro ponto importante é conhecer o local seja da obra nova ou da reforma.

Na obra nova é possível de início perceber algumas dificuldades que podem não compensar para construir.

Terrenos com declividade muito grande, acesso difícil para caminhões.

Os materiais precisarão chegar na sua obra. Assim como tudo o que estiver na sua casa. Tudo tem que ser analisado.

Na reforma, pode haver empecilhos que não foram ditos pelo cliente. É preciso o profissional conhecer o local. Por exemplo, uma reforma de um banheiro e na parede de fora tem aspectos de umidade, porém tem um armário que precisa ser desmontado. É um custo extra para reparar a parede. O pedreiro não irá desmontar o armário e depois remontar se for o caso.

Um condomínio pode ter restrições ao horário de trabalho da obra. Podem ter outras restrições com horários de chegada e retiradas de materiais. Enfim.

O local onde será feita a reforma deve ser investigado.

O que precisa para o seu ambiente ser chamado de seu?

A outra investigação que o profissional deve fazer no início é descobrir, mapear as personalidades de cada um. Os gostos. Os aspectos que cada um tem como valores. Essa parte é bem desafiadora. Porque no final das contas, as escolhas dos materiais terão que traduzir essa essência.

Como eu falei antes, o profissional de arquitetura tem muitas outras áreas que estão relacionadas e podem fazer diferença para a assertividade do projeto. E quanto maior for o repertorio do profissional mais assertivo será.

Muito difícil encontrar em uma casa pessoas com a mesma personalidade. Mesmo que sejam irmãos criados da mesma forma. Sempre serão diferentes. E na hora do projeto terá que haver um consenso para que todos fiquem satisfeitos.

Se irmão são diferentes, imagina um casal que tiveram criação totalmente diferentes, as vezes aspectos culturais diferentes, isso pode ser objeto de conflito durante a etapa de um projeto; se não houver um bom senso, um consenso entre todas as partes, será motivo de conflitos.

Sei que na prática é um aspecto difícil na solução do projeto. Tem pessoas que são mais dominantes em relação a outra. Isso pode fazer essa pessoa querer impor sua vontade. E as vezes tem outros aspectos, o importante é sempre tentar um consenso.

A participação do cliente no processo é importante. Tem cliente que não gosta de falar. É da sua personalidade. Tem cliente que fica desconfiado. Também é da sua personalidade. Tem outros ainda que já gostam de falar bastante. Também é da sua personalidade. E como se resolve isso? Não tem receita de bolo. Tem o domínio do profissional em tentar conduzir da melhor forma possível.

O arquiteto precisa saber das vidas das pessoas para poder entender como aquela família, ou a aquela empresa, ou mesmo a pessoa que mora sozinha funciona. Como é sua rotina. Nos mínimos detalhes. Isso vai contribuir para assertividade do projeto.

O profissional não sai falando por aí da vida de nenhum dos clientes, pelo menos não deveria. Essa investigação é apenas para conhecer e propor soluções para o projeto.

Os detalhes são importantes. Todos os detalhes do aspecto da vida são importantes.

E podem parecer simples, bobo. Mas para o usuário é importante, tem valor para o funcionamento do espaço.

Me lembro uma cliente que tive em uma reforma de cozinha, solicitou um cabideiro de guardar panos de pratos. Para ela aquilo era realmente importante. Porque sempre ela falava: “Onde vai ficar meus panos de prato, você não vai esquecer, né? Eu faço questão de ter aquele cabideiro que fica no armário para meus panos de prato. Gosto de tudo arrumadinho até os panos de prato”.

Outro cliente, me falou: “Meu (essa é uma gíria paulista), meu sonho era poder ter uma torneira fora do chuveiro para eu poder abrir, a água esquentar e só depois eu entrar” E quando eu falei que aquilo era perfeitamente possível, ela pulou de alegria. Você jura? Eu nem acredito.

Um outro uma cliente me falou: Você teria como separar as coisas no banheiro? O mesmo banheiro era usado pelo casal e por um filho jovem, adulto, saindo da adolescente. E sempre dava confusão porque o pai era muito organizado e o filho bagunceiro. E aí o filho pegava alguma coisa do pai, usava e não colocava no mesmo lugar. O pai ficava furioso porque não sabia onde estava o que precisava. E todo os dias de manhã havia esse conflito. Eu respondi, sim. Faremos um mobiliário com separação.

Sempre vai ter uma coisa específica para uma função específica. E são muitas vezes essas pequenas coisas que vão fazer diferença no projeto.

A gente encontra de todos os perfis e com diversas necessidades e desejos.

São pessoas que têm muitos sapatos e querem um espaço para deixá-los expostos e arrumados.

São pessoas que usa roupas sociais e gosta da roupa impecável. Extremamente vaidosa. Por isso precisa ter espaço entre as roupas para não amarrotar.

São pessoas que precisam de um espelho com luz, porque já está ficando com pouca visão e precisa para se arrumar.

São pessoas mais racionais, quietas que gostam de ler e só querem um cantinho com uma poltrona confortável e uma boa luz para iluminar;

São pessoas comunicativas, gostam de estar com outras pessoas, gostam de festas e que tem sempre a casa cheia de visitas, parentes e amigos e precisa de espaço para guardar muitas louças e lugares de acomodar seus visitantes.

São pessoas que gostaria de um espaço para tocar um instrumento, fazer uma arte, meditar, costurar…

São pessoas que trabalham o dia todo fora, não cozinha nenhuma refeição, nem nas horas vagas, aliás detesta cozinha, ela não precisa de equipamentos sofisticados na sua cozinha. Ou ainda as que querem uma cozinha sofisticada porque em fim de semana usa a cozinha como hobby.

Cada um vai ser diferente. O projeto de cada pessoa será diferente.

Uns vão prezar pelo aconchego, outras pela simplicidade, outras por luxo e muito requinte. Simplesmente porque cada um tem seu jeito de ser.

Se essa investigação não é bem-feita o projeto não será assertivo.

Imagina essa pessoa que citei que gosta das roupas impecáveis. Imagina que o espaço para ela ficou apertado e o projeto só comtempla um cabideiro para ela guardar suas camisas e ternos. Isso não vai funcionar.

Além disso, tem o aspecto visual, de como aquele ambiente vai se apresentar e se conectar com o usuário.

Estamos falando da função. Mas imagina agora a aparência de como vai ficar.

Como eu disse cada um é de um jeito. Tem pessoas que gostam de muitos detalhes. Outras nem tanto; imagina a mesma situação em um projeto que uma pessoa é totalmente clássica e o arquiteto apresenta um projeto minimalista ou vice-versa. Com certeza haverá uma frustração pelo cliente.

Por isso a investigação é importante em todos os aspectos. Você cliente, seja colaborativo com o arquiteto e tenha paciência. Essa primeira etapa pode demorar. Mas ela é bem importante. Se começa errado, tudo vai ficar errado.

Iniciando o projeto – estudos preliminares

Com os dados coletados em mãos agora é a vez de começar a explorar como o ambiente ou a nova construção ficará.

Afinal as repostas conseguidas na investigação deverão ser transformadas em formas, cores, texturas para embasar o projeto. É uma etapa que exige bastante atenção do profissional. Exige pesquisa em muitas situações. Exige repertório. Exige criatividade. Exige atenção.

O primeiro caminho pode ser em escolher amostras (figuras) que representam a intenção do projeto e sintetize as escolhas de materiais e cores. 

É o que chamamos de moodboard. O moodboard nada mais é do que é um quadro semântico com uma “amostra” de tipos materiais a serem usados, cores, texturas, as vezes tipos de mobiliários. É como se fosse um resumo a ser seguido. Com um direcionamento estético.

Isso tudo deve ser resultado da investigação que foi feita. E a apresentação do layout e do moodboard devem fazer sentido com o que foi investigado. A próxima etapa é desenvolver o layout.

Quanto aos moodboards apresentados, em geral o arquiteto vai propor o que estiver alinhado com a investigação. Onde já foi mapeado gostos, estilos e alguns custo. Um profissional irá propor o que estiver mais alinhado. Durante o desenvolvimento do projeto alguns itens podem ser refinados para que faça mais sentido para o momento ou para a intenção daquele projeto.

A beleza é subjetiva, o belo para uma pessoa pode não ser o mesmo para outra pessoa. O arquiteto deve ser imparcial e conduzir na melhor harmonização.

As sensações percebidas em um espaço podem ser muito diferentes se alterarmos somente cores, texturas, iluminação, estilos. O moodboard deve ser uma prévia para as coisas a serem incluídas no projeto estejam alinhadas com o que se deseja. Com as sensações a serem transmitidas. Alinhado com os desejos dos usuários.

Para um espaço comercial, não é diferente. Cada marca, um brend, tem uma identidade bem particular. E isso deve ser levado em consideração.

Nem sempre é fácil extrair a essência do que se deseja, ainda mais que somos bombardeados de informações de toda sorte, em todos os lugares e muitas vezes são informações que mais confundem do que ajuda.

Enfatizo que é melhor se tentar investigar com profundidade, mesmo que isso possa levar um tempo maior do que se deseja. Porque é a partir daí que todo o projeto será desenvolvido.

O layout em algumas reformas não será alterado. Não será possível de alterar ou não se deseja alterar. Um novo layout será mais utilizado em construção do zero e nas reformas onde se fazem maiores intervenções. Mas sempre, mesmo onde o layout não é modificado ele vai aparecer para poder indicar as demais intervenções inclusive nas paredes.

O layout serve para permitir visualizar o ambiente de cima. É a planta “baixa” termo usado popularmente. O layout é a visão de todo o espaço, como as coisas, os mobiliários, as circulações, portas e janelas ficam organizados no espaço.

Durante essa fase é possível alterações. Estudos de novas versões para saber qual será melhor em cada situação. É o momento de definição. Esse é o momento que se pode modificar.

Esse momento as vezes é de frustação para o cliente, porque ele gostaria que o layout comportasse mais coisas no ambiente, mas nem sempre cabe tudo o que se deseja. O espaço físico não comporta. Nas definições do que vai ter em cada ambiente, as vezes é necessário renunciar a algum item para priorizar outro que seja mais importante.

Já tive um cliente que gostaria de coisas que ele precisaria de 3 salas para caber, mas ele só tinha uma sala. Logicamente teve renunciar a algumas coisas. E mesmo assim, eu tive que fazer alguns “milagres” para caber o máximo do que ele gostaria sem perder a função.

Em geral as pessoas não têm noção do espaço. Do que realmente cabe.

É comum por exemplo, quando uma pessoa vai sozinha comprar uma mobília, por exemplo um sofá.

Ela vai na loja, se depara com um espaço amplo cheio de sofás e outras mobília. Escolhe e pensa, esse cabe. Parece compacto. A questão é que na loja ele perde a referência do espaço. Por ser a loja grande, parece que os moveis são menores do que realmente são. E o que acontece, ele compra e quando chega descobre que não cabe, e quando cabe, ficou atravancando sem caber mais nada.

O projeto é do arquiteto ou para o cliente?

Me lembro quando eu dei aulas de interiores por um tempo, eu sempre fazia uma simulação com uma situação real com os alunos e quando os alunos iam desenvolver o projeto era como se a investigação estivesse sido esquecida e a profissional, aluna, estava optando por coisas do seu próprio gosto.

Como estudante, eu considero até aceitável no primeiro momento. Somente no primeiro momento. Aliás existe essa expectativa em fazer um projeto, idealizar um conceito, se referenciar algum estilo que se conecta. Essa prática tem que ficar somente no aprendizado.

Eu percebi que essa prática acontece muito com os profissionais já no mercado. E confesso que me deixa triste de ver certas atitudes não profissionais. Um projeto é para um cliente e não para o arquiteto se vangloriar.

Existe um certo ego inflado em alguns profissionais. Alguns. Infelizmente existem.

E quando acontece um cliente cair em um deles e sair insatisfeito o cliente diz que nunca mais quer um arquiteto na vida.  E assim vamos ficando com essa “fama”.

Mas não é só com os profissionais que acontecem isso. Acontece com os próprios clientes. Já aconteceu comigo.

É um tanto estranho falar isso, porque nós como profissional temos que conduzir e orientar.

Já aconteceu comigo. O cliente diz uma coisa. O projeto vai sendo conduzido de maneira personalizada. Tudo alinhado conforme as informações do cliente.

E por fim, o cliente vira e diz será que isso está em alta? É que fulano disse isso ou aquilo…  E eles, os clientes começam a aceitar opiniões do vizinho, do cunhado, do tio, de todos de fora, sem ter participado do processo e querem fazer mudanças influenciados na opinião de outros.

As opiniões e palpites de fora atrapalham tudo. Ao profissional e ao próprio cliente.

O cliente se vê confuso. Se é um amigo que confia fala algo diferente ele vai ficar em dúvidas. Será que o arquiteto errou?  Se for uma pessoa indecisa por si só, isso só piora ainda mais.

Você contratou um profissional e o que ele apresenta deve ser coerente com a investigação que foi feita. Deve fazer sentido. Deve haver uma relação de confiança.

Quando eu falo que o cliente não tem que ser o arquiteto, ele precisa apenas acompanhar o processo e ter clareza do que faz sentido com cada etapa.

Os briefs e questionários devem ser registrados. Não podem ser e ficar apenas na conversa. O que foi dito deve ser anotado e virar um documento de conferência.

Porque nessa etapa, quando se começa apresentar as soluções do projeto e houver algum questionamento pelo cliente deve-se comprovar e explicar porque aquilo está sendo proposto. A participação do cliente é sempre importante.

O cliente pergunta, já posso levar para aprovação na Prefeitura?

Na investigação, na primeira abordagem do processo inicial, se a obra for uma construção do zero terá que passar pelo processo de aprovação na Prefeitura. Algumas reformas também passam pelo processo de aprovação.

Mas ainda não é o momento de se fazer o processo para a aprovação. É verdade que o processo de aprovação na Prefeitura é demorado e burocrático. E as pessoas querem adiantar e ganhar tempo. Porém nessa fase inicial do processo para o desenvolvimento do projeto, alterações ainda pode acontecer e em geral acontecem.

Portanto a entrada para o processo de aprovação só deve ser feita quando o projeto está definido. Porque mais adiante o fiscal irá conferir se a obra está sendo executada conforme o projeto aprovado. E ainda só devem levar para aprovação quando já se sabe quando se pretende construir. Porque a partir do momento que o projeto é aprovado na prefeitura, terá prazo para a construção.

O projeto começa a ganhar forma

Estou numerando as etapas, mas na verdade algumas coisas acontecem em paralelo. E se fosse numerar todas seriam mais etapas.

Concluído a etapa do layout, definido como espaço ou ambiente se organizará, é hora de começar a desenvolver o projeto com alguns desenhos técnicos.

Nessa etapa apresentamos o desenvolvimento do projeto conforme o layout aprovado.

Vamos desenhar paredes, começar a seleção de materiais reais existente no mercado a serem usados, e talvez, apresentar um desenho volumétrico, 3d.

Nessa etapa o cliente vai poder ter uma noção melhor do espaço. Vai conseguir ter uma visualização melhor de como poderá ficar a construção ou a reforma. E talvez possam surgir alguns ajustes, modificações nas escolhas.

É muito comum os clientes terem dificuldades em enxergar as plantas técnicas. E as vezes tem dificuldade em entender os desenhos em 3D.

Tive uma cliente uma vez e ela me confessou no final da obra, “agora eu consegui ver minha casa, ficou como eu sempre sonhei, antes eu não conseguia ver”. Eu fiquei surpresa, quase que em choque, me perguntando para mim mesma, como assim? Meu Deus! Que tamanha a minha responsabilidade! Porque o tempo todo ela afirmava que estava tudo ok. E fiquei muito satisfeita por ela ter ficado contente de ter seu sonho realizado. Imagina se tivesse ficado diferente do que ela queria?

Depois disso, eu sempre fico apreensiva, será que ele entendeu mesmo? E algumas vezes eu percebia que a pessoa não estava entendendo muito bem. Eu comecei a ficar mais atenta a esse processo. Me fazer entender. Minha comunicação precisava ser assertiva. Tive alguns casos que eu fiz até uma maquete física para eles perceberem como ficaria, não podia ter dúvidas e foi um sucesso.

O recurso do desenho em 3D ajuda bastante, mas ainda assim nem sempre é o suficiente. Verdade, têm pessoas que não conseguem perceber o 3D.

Estando aprovado essa etapa vamos para a etapa dos desenhos técnicos. Os desenhos de fato que servirão para a construção ou para a reforma. Para a execução.

A aprovação

Como falei, alguns projetos precisam passar pela fase de aprovação na prefeitura. A aprovação demanda tempo. É um processo burocrático e imprevisível. Pode levar um ano ou mais. Depende de cada Prefeitura.

Como eu já mencionei o projeto de Prefeitura não é o projeto executivo de construção.

As pessoas não entendem muito bem isso. Para o cliente aprovou um projeto já pode ir para obra. Não é bem assim.

O projeto para aprovação vai apenas mostrar para a Prefeitura o que se pretende construir ou reformar está dentro dos parâmetros das legislações.

Para a prefeitura, o projeto precisa estar de acordo com os códigos de obras e o plano diretor da cidade. Os parâmetros de cada um, muda de uma Prefeitura para outra, muda inclusive a forma de como devemos apresentar os projetos.

Na planta de Prefeitura aqui na minha cidade, o projeto apresentado deve conter as áreas construídas de cada ambiente e áreas totais, áreas demolidas, área do lote, localização, recuos, gabarito (altura da edificação), aberturas de portas e janelas. Entre outras coisas de representação gráfica de cortes transversal e longitudinal além das plantas de todos os pavimentos. E a padronização dos desenhos de como é apresentado.

Dependendo do tipo de projeto e da localização, durante o processo de aprovação, pode ser que o projeto precise ser aprovado por alguns outros órgãos municipais, como de preservação, meio ambiente, ANVISA, entre outros. Vai depender sempre do tipo do projeto e onde ele se localiza.

Mesmo se um projeto não for de algum imóvel tombado e se ele estiver dentro de uma área de preservação, haverá restrições para a construção ou a reforma desse imóvel, conforme o nível de proteção que ele esteja inserido.

Passando por todas as etapas do tramite de aprovação o proprietário, cliente recebe um alvará. Esse documento diz que pode iniciar as obras e o que será construído está de acordo com a legislação.

A partir daí, em geral a Prefeitura dá um prazo de um ano para a construção, podendo ser prorrogado por mais um se realmente houver necessidade e for comprovado essa necessidade. Por isso só se deve dar entrada quando já se souber ou tenham uma previsão de quando irá começar as obras.

O alvará é o documento para a construção. Ao final da construção, deve-se iniciar outro tramite para o habite-se.

Para o habite-se, são exigidos novos documentos, como PGRSCC, as vezes laudos e documento dos bombeiros, taxas que deverão estar pagas, incluindo o INSS da obra. Depois de atender todas as exigências e tiver a inspeção do fiscal conferindo que tudo ok, e que foi construído como aprovado, é que só então, tem-se o habite-se.

A próxima etapa se for uma obra nova, será registrar no cartório de imóveis e acertar o imposto com a Receita Federal. Sim. São muitas taxas pelo caminho. E em todo o processo, muita burocracia também.

Projetos executivos – Desenhos técnicos

Como eu mencionei os projetos executivos são os projetos para execução de fato. Diferentes dos projetos para aprovação.

Alguns clientes que vão passar pelo processo de aprovação, contrata um profissional só para isso, aprovar o projeto nos órgãos municipais, somente para o processo de aprovação e ao final, ele acredita que tem em mãos os documentos necessários para execução.

Na verdade, não. E muita gente não consegue entender isso. Como assim, já não está aprovado na Prefeitura?

As plantas confeccionadas para a aprovação são plantas com informações sintéticas, não servem para a execução. Os projetos executivos contêm muito mais informações para garantir de como será construído ou como será reformado. Como o nome diz, executivos, para serem executados.

Os projetos executivos devem conter detalhes técnicos, especificações de materiais, as formas de como devem ser construídos. Uma construção demanda de muitos projetos executivos e alguns complementares. Nessa fase é normal ter alguns projetos terceirizados se o profissional, escritório não tiver uma equipe completa.

Por exemplo, um projeto de fundação e de estruturas devem ser feitos por um engenheiro calculista. Ele tem a expertise para isso. O arquiteto tem boas noções para fazer uma casa pequena. Mas quem realmente está habilitado para isso é o engenheiro calculista.

Assim como elétrica, iluminação, automação, entre outros, cada um vai ter uma expertise.  Tem profissionais que realmente tem mais de uma expertise, sabem tecnicamente como devem ser feito.

Quanto mais informações tiverem no projeto executivo melhor será a execução. Para a execução não pode ter dúvidas ou informações faltantes.

Nesses projetos executivos vão aparecer dimensões, especificações, localizações, tudo para ser o suporte para a execução.

Aqui se começa a ter uma ideia de custo dos materiais que em muitos casos podem ser alterados para melhorar o orçamento para o custo da obra.

O orçamento completo só é possível com os projetos finalizados.

É comum algumas empresas só fazerem projetos e outras empresas só executarem.

Então, dessa forma, os projetos quando vão para as empresas executarem, devem ter todas as informações que precisa para a execução.

Quanto mais projetos, melhor, mais completo será para a execução. Os projetos servem de registro de como será feito e de como foi feito para consultas posteriores. As vezes é necessário fazer o que chamamos de AS built,” como construídos”; esses projetos vão ser uma atualização se por alguma razão tiveram que ser executados diferentes dos projetos apresentados.

Algumas situações necessárias de alteração só são possíveis de serem identificadas durante a etapa da execução, principalmente quando é uma reforma e aí os projetos precisam ser alterados.

Por exemplo, o projeto pede novas caixas de tomadas, mas quando vai executar, encontra-se um pilar escondido na parede. Nesse caso não será possível de abrir essas novas caixas de tomadas, é preciso encontrar outra solução.

Sim, já vivenciei um caso assim, que a solução foi criar um painel de madeira na frente para passar a fiação.

Um outro caso semelhante foi embutido dentro de um armário.

Em uma reforma muitos imprevistos podem acontecer e não serem possíveis de seguir o projeto, sendo assim, necessário alterar e refazer.

E as vezes é preciso até parar a execução para repensar o que vai ser feito.

Tive um caso uma vez que fiz um projeto para uma reforma e propus uma nova iluminação com novos pontos, totalmente diferentes que estava no local. Porém na execução descobri que a laje era do tipo nervurada, ela apresentava escondida sobre o forro, uma tipologia muito usada no início do modernismo. 

E aí não foi possível executar o que eu tinha proposto anteriormente. Tivemos que primeiro fazer toda uma investigação no local por onde passava as nervuras da laje e só então para eu poder refazer o projeto e especificar novos itens.

Em uma reforma imprevistos são muito comuns de acontecer, principalmente se não tem os projetos de como foi construído. Por essa razão também, é tão importante ter os projetos de execução.

Orçamentos – O que todo mundo quer saber, quanto vou gastar na minha obra?

Orçamentos precisos só são possíveis de se fazer com os projetos prontos.

Para se fazer um orçamento detalhado é preciso levantar todos os materiais utilizados, equipamentos, todos serviços, todos custos diretos e indiretos, impostos, taxas etc.

É bem complexo fazer um orçamento completo e preciso.

Quando se começa a desmembrar um serviço, os itens que são necessários para a execução, mão de obra, e tudo mais, percebe-se o quão complexo é fazer um orçamento preciso. Existem empresas orçamentistas que só fazem isso.

Existem tabelas que auxiliam, sites como da SINAPI da caixa, TCPO (tabela de composição de preços para orçamentos), ICC (índice da construção civil), CUB (custo unitário básico), entre outros que auxiliam no levantamento do custo.

A questão é que eles não são precisos. Por exemplo o CUB, é um o índice estipulado por estado, que é divulgado pelo sindicato da construção, mas que não retrata o valor real para o cálculo de custo real da obra. Esse custo não leva em consideração vários itens da obra, ficando dessa forma completamente impreciso.

O cálculo é feito pela metragem quadrada construída e pelo padrão da obra. Mas não é nada preciso, porque faltam muitos itens.

E muita gente erra fazendo um orçamento e se baseando nesse valor do CUB.

Para se ter uma ideia e ter algo um poupo mais coerente com a realidade, se quiser usar o CUB como parâmetro, você ao final deve multiplicar por 3 sobre o valor encontrado. Sim você não leu errado, multiplicar por 3. E eu ainda diria, acrescente mais 30%. Para te dar segurança de algum imprevisto.

Isso é muito sério.

Veja quanta diferença! Imagina se basear em um cálculo e descobrir que a obra custará 3 vezes mais, pelo menos. O que pode vir a ser mais alto ainda.

O resultado disso, são obras inacabadas, e as vezes, sem previsão de quando vai poder acabar.

É comum as pessoas chegarem até um engenheiro ou arquiteto com um desenho básico de uma planta e querer saber, quanto custa para construir minha casa, ela vai ter “X” metros quadrados.

Ou então o pessoal que faz obras, empreiteiros e afins, dão um orçamento para construir e depois ficam cobrando aditivos, porque o cálculo que ele fez não condiz com a realidade. E tem uma porção assim, e ainda diz é normal cobrar aditivos.

Pode ser normal até certo ponto, de ter alguma coisa que foi acrescentado, ou modificado durante o processo; é justo cobrar por um serviço que está sendo feito a mais e não estava previsto.

Mas não concordo quando o empreiteiro erra e depois quer cobrar o que não cobrou no início. E as vezes percebo que alguns fazem isso para “ganhar o cliente” com um preço mais barato que o concorrente. E depois vai cobrando com aditivos, com argumentos que convencem para não ficarem no prejuízo. Infelizmente isso acontece muito.

Desconfie se o preço de alguns profissionais está muito abaixo da média.  Até acha, quando tem por exemplo um pedreiro que faz tudo, trabalha só, leva mais tempo para concluir. Sim tem de tudo. Não quer dizer que esse profissional vai levar vantagem, as vezes não, o coitado leva até prejuízo.

Eu me refiro a algumas empresas que executam obras e tem essa prática de cobrar aditivos.

E mais uma vez eu enfatizo a importância do projeto. Ele serve de documento do que será feito. Se não tem projetos, em uma reforma pequena por exemplo, tem que se listar o que será feito. Todos os serviços.

Por exemplo uma reforma de um banheiro pequeno. Um simples banheiro tem uma porção de itens a serem feitos. Além da obra em si tem a instalação de acessórios, papeleira, porta toalha, entre outros. No final da obra o cliente vira para o pedreiro, Ah você poderia instalar esse porta toalha? Como se ele pudesse apenas fazer um favor.

É algo simples de fazer. 

O que pode ocorrer? Ele instalar ou não.

Ele cobrar por esse serviço ou não. Afinal é mais um serviço. Mesmo que simples. E provavelmente ele terá que ir lá novamente em um outro dia somente para instalar essa peça. Mesmo sendo um serviço simples, ele terá que despender certas horas, terá deslocamento até o local. É justo ele cobrar por isso.

E quando o cliente recebe um não, fica chateado, achando que esse serviço simples poderia ser feito sem custo, sem entender de fato toda a dimensão que existe.

Tudo deve ser combinado antes, e durante, caso haja mudanças deve ficar claro para todos envolvidos.

Obras

Finalmente chega o tão desejado momento, o das obras. Afinal os projetos são apenas uma ponte para o processo da construção. O projeto não é para ficar guardado na gaveta ou virar um lindo quadro para pendurar na parede. Ele precisa ser construído.

Apesar de obras ser conhecido como o momento de dor de cabeça, é a etapa mais desejada. É quando finalmente se consegue ver a materialização do sonho tão desejado.

O primeiro desafio nesse momento é encontrar um gestor, um construtor para realizar todos os serviços de maneira o mais profissional possível. Com os projetos em mãos o gestor tem como prever as etapas, organizar as equipes.

Como eu mencionei anteriormente, existe sim o desafio de encontrar um profissional realmente profissional com ética e comprometimento.

Vamos imaginar um bom cenário. Um gestor com boas equipes ou com conhecimento para terceirizar alguns serviços conforme a demanda.

Muitas vezes algumas equipes são terceirizadas para exercerem atividades especificas, como instalação de ar-condicionado, instalações elétricas, entre muitas outras e ok, isso é normal e comum.  O gestor tem que ter o controle das etapas e quando cada equipe deve entrar para executar o serviço.

Quando uma pessoa não contrata um executor gestor, ela acaba contratando um pedreiro, ou empreiteiro, mas nem sempre é um gestor. Ele “toca” obras como diz a gíria popular.

Enfatizo uma questão muito importante, independente do porte da obra, que é no início de se fazer um contrato onde todos os serviços devem estar mapeados e em quanto tempo aqueles serviços podem ser executados.

Assim é possível de se fazer um cronograma.

No contrato deve também estar claro como será a forma de pagamento. Isso serve para qualquer serviço, até o do arquiteto que faz os projetos.

É muito comum nas obras, principalmente em obras mais informais, não ter projetos, não ter gestor.  Na prática, “contrata” o pedreiro ou empreiteiro sem contrato formal, trata um valor, a obra começa e o pedreiro já começa a pedir um adiantamento toda semana.

O perigo desse procedimento é pagar por todo o serviço e o serviço não ser concluído. Infelizmente, isso é bem comum de acontecer. Quando a pessoa não é de boa índole, ela vai recebendo, depois vai para outra obra e as vezes não volta mais.

A minha sugestão e é a mais justa e coerente é simples: fez o serviço ou parte do serviço recebe proporcionalmente. Chamamos isso de medição. E a última parcela só recebe quando termina a obra.

Uma vez tive um problema com um empreiteiro em uma reforma. Cada vez que menciono um problema, parece que só tive problemas, não tive sucesso em muitos dos meus trabalhos.

Nessa reforma que deu problema, fui a arquiteta pelos projetos e arquiteta para gerir as obras. Contratamos um empreiteiro que eu já tinha feito uma obra com ele, aliás em uma outra reforma menor, tinha dado tudo certo e não tivemos problemas, porém essa reforma que teve problema, esse empreiteiro colocou uma equipe pouco comprometida com os serviços. Apesar de eu estar gerenciando, a maior responsabilidade era dele, porque as equipes eram dele. E ele estava com outras obras em locais distantes e não ia nunca na minha obra.

Para resumir o ocorrido, ele não conseguiu terminar no prazo, causando transtorno para a proprietária que tinha que entregar seu imóvel e se mudar para esse que estava na reforma.

Além disso, a equipe de pintura não conseguia fazer um trabalho perfeito, cada vez que tentava arrumar, piorava a situação. E aí a minha postura, foi diante do empreiteiro, em dizer só vai receber quando terminar a obra. E assim eu fiz, só liberei a proprietária pelo pagamento no final da obra. Foi um momento de muito estresse, no final de um ano.

Uma outra coisa que é muito importante, aliás são muitas coisas e na verdade, todas as coisas são importantes, é deixar claro as atribuições de cada um.

Seja o gestor da obra, seja o arquiteto que vai acompanhar a obra ou vai gerenciar a obra. Ou para quem vai executar.

Quando esses pontos não estão claros isso sempre é motivo de desentendimento. No caso dessa reforma, esse empreiteiro jogou a responsabilidade de estar presente na obra todos os dias o tempo todo. E na verdade ele quem deveria, para dar conta dos seus funcionários.

Visita técnica de um arquiteto ou engenheiro não é gerenciar uma obra. Como também a visita técnica pode não ser acompanhar a obra.

Gerenciamento da obra pode ser feito pelo gestor da obra ou pelo arquiteto. Tem que ficar claro o que cada um irá fazer e como será feito.

Assim como o planejamento.

Tudo isso organizado e bem definido faz parte para um bom resultado na execução da obra.

Concordo que no dia a dia, a prática, isso parece até um tanto utópico.

A verdade é que sempre teremos pessoas ao nosso lado, vivemos com pessoas, precisamos nos relacionar com pessoas em todos os âmbitos. Vivemos em uma vida em sociedade.

Pessoas são diferentes, tem repertórios diferentes, necessidades diferentes, estilo de vida diferentes, personalidades diferentes e até nível de evolução e maturidade diferentes. Me desculpe falar dessa forma, mas é a verdade e a realidade. Isso faz muita diferença de uma pessoa e outra.

E quando nos deparamos em algumas situações, de conflitos, ou de estresses, ou que fogem nosso controle, percebemos como cada um reage de uma forma diferente.

E por isso, eu posso dizer, infelizmente a gente nunca sabe realmente como vai ser.

Eu já vi várias situações, que me mostraram essas diferenças e hoje posso analisar as entrelinhas com meu repertório que vivi e construí.

Eu já presenciei gestor que em cada cobrança pelo serviço, cada momento de estresse ele se desequilibrava, virava as costas e saia andando. Por fim desistiu da obra sem concluir. E ele era o gestor, não era os pedreiros. Era o gestor. Era quem deveria dar o exemplo. Como eu disse são pessoas.

Eu penso que em algumas situações, as posturas fazem total diferença. Aquela frase que diz, o comandante é o último a abandonar o navio.

É mais fácil chutar o balde do que encarar as dificuldades. E hoje, então as pessoas estão chutando o balde por qualquer motivo.

Mas não pense que são só os funcionários, operários, prestadores de serviços que causam problemas. Sim pasmem, os proprietários também.

Numa outra ocasião eu tive uns clientes, um casal que estavam noivos.  Bem jovens. Não me lembro a idade deles, mas eram bem jovens. A menina mais jovem ainda. Eu estava fazendo uma reforma em um apartamento da sogra que ela iria ceder para eles morarem.  A menina engravidou, não sei bem o que se passava, mas a impressão que eu tive foi que ela deu uma surtada, talvez não estivesse preparada para tal mudança, morar no apartamento da sogra, noiva e grávida.  Ela começou a criar atrito comigo e quem tinha me contratado não foi ela. E por fim eu tive que me demitir. Nesse caso, eu me demiti. Acho que foi a única vez que me demiti.

A pessoa que me contratou entendeu e ela mesmo comentou que a menina não estava muito bem.

Então por mais que tenhamos o controle de todos os processos, todas as etapas, tudo tecnicamente e legalmente sobre controle, não temos controle das pessoas, não temos controle do outro. Em muitas situações não temos controle.

E por fim, a verdade é sempre uma caixinha de surpresa. E tudo pode acontecer. Foge nosso controle.

É como os fenômenos da natureza, de vez em quando vem uma tempestade. Sai arrastando, devassando.

O bom é que sempre passa. Deixa marcas, destrói, mas passa.

Nesses momentos de “tempestade”, conhecemos mais a fundo as pessoas.

Eu digo isso tudo com muito embasamento.

Você poderia me falar então, para quê todo esse trabalho de fazer projetos, se no final posso me deparar com um pessoa na obra que não tem o menor controle sobre si e posso correr o risco de me deixar na mão?

Sim, com certeza muitas coisas podem acontecer. Mas garanto que se não tiver projetos será muito pior. Se não tiver um contrato tudo certinho, falando sobre como será feito, e as forma de pagamento, e ainda se o houver desistência o que pode acontecer, estipular multas e penalidades, as chances de dar errado serão grandes.

Numa situação dessas, uma pessoa vai pensar duas vezes, e na pior das hipóteses, terá argumentos e material para comprovar caso precise levar para um advogado resolver.

Mas também pode acontecer com a fase de projeto. Entre a relação do arquiteto e do proprietário. E olha, acontecem muitas coisas. E volto a falar, tudo precisa ficar claro, até entre o arquiteto e o proprietário.

As vezes o arquiteto por inexperiência, não consegue entender a essência do projeto do que o proprietário deseja;

Às vezes o arquiteto quer impor determinado estilo porque o arquiteto gosta, mas aquilo não faz nenhum sentido para os proprietários.

Infelizmente conheço colegas que tem essa péssima postura, acham que estão projetando para eles próprios e não consideram a essência dos proprietários.

E as vezes é o proprietário que nem ele sabe direito o que quer, e o arquiteto faz milhões de alterações tentando salvar o projeto para agradar ao cliente.

São sim muitas situações que pode o arquiteto não dar certo com um proprietário ou vice-versa.

Uma vez tive uma cliente que eu fiz, se não me falha a memória, foram 16 alterações no projeto para a reforma do banheiro. Não houve rompimento na relação, muito pelo contrário. Depois fiz outras reformas no apartamento dela. Cada vez ela ia me pedindo um ambiente que queria reformar. Por fim fiz todo o apartamento.

Mas eu poderia ter sido mais enfática e falar, não posso ficar fazendo tantas alterações assim e você não decide. É retrabalho para mim, é prejuízo para mim. Mas naquela época, não houve da minha parte, uma cláusula no contrato que falasse que se houvesse retrabalho novos custos deveriam ser acertados. Eu não podia cobrar o que não havia sido combinado.

Toda as vezes que ocorriam alguma coisa eu pensava comigo mesmo, como eu posso melhorar. E na verdade é dessa forma que eu sempre me posiciono. Quando algo foge do meu controle, quando não dar certo por alguma razão, eu sempre me pergunto, onde eu posso melhorar para isso não acontecer novamente. É claro que é uma forma até muito severa comigo mesma, como eu falei, não temos controle do outro. Não temos controle de uma tempestade. Só podemos tentar nos proteger.

Em um caso que me aconteceu com uma outra cliente. Eu entrei na reforma da casa, aliás, a casa estava sendo construída, e eu entrei no meio do processo e a obra já estava em andamento. Eu fui indicada para poder da continuidade. Para tentar conseguir colocar em ordem a obra desse casal.

Infelizmente não consegui. Tudo havia começado errado. Sem planejamento, sem gestão, sem projetos, muitas equipes de obra que passaram por lá e não conseguiam finalizar, ou faziam de qualquer jeito. Um verdadeiro caus.

Nesse caso, o proprietário estava no controle. Ainda tentando ele mesmo fazer a “gestão”. Eu estava lá, mas não tinha muita força. Ele continuava no comando. Me indicaram para ele, mas eu imagino, por ele ter tido somente experiencias ruins, eu seria mais uma que não teria sucesso. E assim foi. Porque é incrível, o que desejamos, mesmo inconsciente, acontece.

Foram muitas situações e desafios que enfrentei nessa obra.  Tentava organizar, mas em vão. Eu falava para eles, você agora está executando, não pode mudar mais, decidiu é isso. Tem que seguir. Todos têm que ficar com a mesma decisão. Ela, a proprietária não gostava. E falava para mim não é assim não. Resultado, ela mudava o que já estava decidido e combinado, e atrapalhava todos os outros serviços relacionados.

Um dos exemplos que aconteceu lá foi a bancada da cozinha. Ela tinha escolhido um cooktop, efetuou a compra, eu peguei as referências para fazer o corte, passei para marmoraria, eles fizeram exatamente o que foi combinado e no dia de instalar ela decide instalar outro. O que aconteceu? O corte de encaixe ficou maior. Esse foi só um exemplo. Foram muitas coisas que ocorreram lá e eu não consegui ter sucesso com essa conclusão dessa obra.

E de verdade, isso é só um alerta.  Trouxe casos reais. Casos que vivenciei e experimentei. Todos que falam de arquitetura por aí só querem mostrar casos de sucesso e fazer parecer que tudo é perfeito. Não é. A realidade é bem diferente.

Desafios sempre teremos. Insucessos também.

Imagina uma reforma de cozinha. Cozinha por menor que seja tem bastante itens para serem compatibilizados. E na fase da execução tudo tem que estar sincronizado, atualizados, seguindo para o mesmo direcionamento.

Se uma bancada inicialmente vai ficar por exemplo a 95cm do piso, ela tem que continuar. Porque o mobiliário que for entrar sob a bancada, certamente vai começar ser produzido antes, para poder dar tempo de assim que a bancada estiver instalada poder instalar os mobiliários, com pequeníssimos ajustes. E se a pessoa decide no dia da instalação que quer mais alta ou mais baixa vai interferir no mobiliário. Como também pode interferir nas instalações elétricas, em alguma caixa de tomada.

Meu intuito apenas é mostrar a complexidade que é uma reforma ou uma construção. E que precisa sim de projetos, precisa de planejamento e gestão.

Às vezes imprevistos acontecem mesmo com tudo organizado, imagina sem estar.

E quando se começa errado, para consertar é bem difícil e desafiador.

Interiores – decoração

Em geral essa etapa é uma etapa de finalização. Poderia simplificar e comparar como sendo a cereja do bolo.

Um profissional de interiores nem sempre vai estar presente em todo o processo, a não ser que ele tenha sido contrato desse o início para acompanhar todo o processo.

As vezes esse profissional entra somente no final do processo. E as vezes faz somente um trabalho de decoração com a introdução de apenas alguns elementos decorativos.

E ok, as vezes ele vai colocar somente um tapete, somente um arranjo de flores, uma cortina.

Porém, quando eu falo de interiores, eu entendo que precisa analisar todo o espaço, todo o contexto. E aí entra a investigação como eu mencionei no início. Portanto eu oriento que seja melhor que tudo caminhe junto, em conjunto desde o inicio.

Por isso eu falo que vale mais ter domínio desse do início do processo, para que tudo fique alinhado inclusive na decoração, no aspecto visual.

As vezes para se ter algum elemento precisou pensar antes. Precisou que na execução estivesse alinhado com esse desejo.

Vou dar alguns exemplos:

Quando se vai colocar um papel de parede, a parede precisa ter passado por todo o processo de pintura, inclusive pelo menos uma demão de pintura. Errado pensar que não precisa do acabamento porque vai colocar papel de parede. Porém a cola do papel de parede precisa da pintura, porque é a tinta que reagirá com a cola para que o papel fique bem preso, sem perigo de soltar. É claro se houver problemas de humidade ele irá soltar e é contraindicado usar um papel de parede nesse caso.

Outro exemplo, e ainda mais relevante, são as fitas de led usadas na iluminação. Se não for previstos os pontos de iluminação, os perfis de como serão instalados, o forro estruturado, não se consegue no final fazer a instalação dos led. Isso tem que ser pensado no início. Os led devem ser instalados intencionalmente, com sua função correta e inclusive sua beleza ao proporcionar a luz correta e que se deseja.

Não se pode cortar um forro de gesso para instalar um perfil de led se ele não estiver estruturado, ele vai desabar.

Outro exemplo usado no momento da finalização, de interiores, são os quadros. Pode ser por exemplo que se queira uma iluminação específica e aí precisa os pontos de luz.

Precisa estar previsto desse o início para a execução incluir esses pontos de luz.

Ou então, se a investigação não foi feita para entender o gosto dos usuários, pode ser que o profissional oriente em colocar quadros geométricos modernos e os clientes são extremamente clássicos. Não vai dar certo.

Mais um caso. Uma vez tive uma cliente, que pude participar de todo o processo. No início selecionamos uma paleta de cores. Eram cores especificas. Foi para uma reforma de cozinha. O projeto era um pouco “ousado”, no sentido de ser diferente, porque para aquele projeto, para aquela cozinha, deveria tem uma “cara” de sala.

Então quando chegou o momento de encontrar revestimentos específicos com aquelas cores eu tive dificuldade de achar prontos no mercado, A solução foi mandar fabricar pastilhas, para eu fazer o mosaico. As minhas ideias só foram possíveis porque foram pensadas desde o início. E tudo caminhou em uma única direção, desde a fase da investigação até o final.  Esse foi um caso de muito sucesso.

São muitos exemplos que eu poderia mencionar.

Contexto geral

Nesse texto fiz um panorama com pontos importantes para se atentar nas etapas para uma reforma ou para uma construção, desde o início.

Citei alguns exemplos de coisas que aconteceram na minha vivência profissional. Em toda a minha experiencia tive vários casos de vários aspectos que poderiam cada um virar histórias de sucesso e de fracasso.

Mesmo com conhecimento técnico, experiencias, pode acontecer de ter que passar por “casos de não sucesso”.

Mas realmente quero falar é que tenham consciência do processo. Respeitem etapas e processos. Respeitem os tempos das coisas.

A ansiedade, a vida corrida, a falta de presença, são muitos aspectos que levam a não se querer mais respeitar os tempos das coisas. As inteligências artificiais ainda enfatizam esses comportamentos dando suporte para economizar tempo, com recursos por exemplo onde você pode avançar a velocidade de um áudio no whatapp, a velocidade de um filme, resumos de livro ou de texto para ganhar tempo. O que vai de encontro com tudo com o que quero dizer e o que tento transmitir.

Estamos vivendo momentos em que as pessoas estão “um tanto perdidas”, carecendo de referências sólidas, perdendo senso crítico e sendo levadas e arrastadas pelas forças das massas. Talvez um momento de transição das eras.

A tecnologia vai ser muito favorável em muitos aspectos, já está sendo.

Porém o lado essencial das características do humano, a meu ver não é substituído e nem pode ser subestimado.

Gosto de falar que a natureza inspira e ensina. Quando observamos a natureza tiramos muitos aprendizados.

Um deles é que tudo tem seu tempo, desde a germinação até a fase adulta.

Um bebê para nascer, uma criança para começar andar e falar, uma planta para dar frutos.

Aprendemos com a natureza que ela ensina a respeitar os processos, as condições. Se uma planta gosta de sol, ela precisa de um lugar de sol. Não adianta tentar colocar em local sem sol e frio que ela irá morrer.

Aprendemos com a natureza que trabalhar em conjunto leva ao sucesso e a “prosperidade”.

É só observar as formigas, as abelhas. Já observou uma formiga, várias formigas?

Falando assim posso parecer ser um pouco louca, talvez seja. Uma vez estava sentada na minha varanda cortando minhas unhas. E fiquei ali um tempo apenas para observar a paisagem. De repente percebi que começaram a chegar formigas junto das unhas que eu tinha cortado e ainda não tinham limpado, não estava com pressa, apenas estava ali, pois eu estava ali apreciando a paisagem. E comecei então a observar todos os movimentos daquelas formiguinhas minúsculas, mas com uma capacidade de organização, “liderança” e tantas outras características que fiquei realmente impressionada. Em pouco tempo ela tinham se organizado, com uma formação que parecia ter ensaiado e era nítido que existia um trabalho de equipe muito bem-organizado e cheio de estratégias.

A natureza também ensina que quando vem uma tempestade não temos controle da situação. A única coisa que podemos fazer é se acalmar e esperar. E depois, agradecer e pensar no que precisa ser feito. O que se pode fazer. Ter forças e recomeçar.

Nem sempre o que se planta colhe, a tempestade, ou algum outro fenômeno da natureza, pode destruir, criar catástrofes e não temos o que fazer. A coisa boa é sempre passa.

Na vida da gente é assim, nas relações profissionais, nas relações familiares. Sociais, nem sempre temos o controle de tudo. De um jeito ou de outro tudo vai passar.

Eu tenho um lado espiritual que me ensina, que as vezes as tempestades são necessárias. Mas isso é assunto para um outro momento.

Estou citando isso e querendo mostrar a importâncias dos processos para uma simples reforma e isso tudo pode parecer que as coisas não se conectam. Não fazem menor sentido. Processos podem ser mecânicos, racionais.

E realmente, quando comecei a escrever esse texto, eu tinha mesmo a intensão de ser mais racional. Depois percebi que não podia ser somente racional. Tinha outros aspectos importantes e não palpáveis. Igual quando a gente faz uma arte, esse é o meu outro lado, volta e meia o processo vai mudando, se moldando, se adaptando, se transformando.

Porém uma reforma ou a construção de um espaço, será sempre para pessoas utilizarem. Será para trazer qualidade de vida, será para seu conforto e bem-estar. E nada vai adiantar se aquele ambiente no fim das contas não se conectar com quem vai utilizar. Isso é a essência da arquitetura. Arquitetura não é só ser um abrigo, como foi definido por alguns autores no passado. Arquitetura é ampla e complexa. Como a natureza. Mas uma vez a natureza ensina. Basta observar.

Nada vai adiantar se mesmo que a obra tenha sido feita em alto padrão, mas se não traz a essência do usuário, não vai fazer sentido.

A relação saúde e espaço estão diretamente relacionadas. Saúde física e mental.

Pode acreditar.

Os estudos da neurociência, neuro arquitetura vem avançando para comprovar como é importante ter um ambiente agradável, um ambiente que faz sentido para o usuário.

E as vezes sou muito criticada quando eu falo sobre os ambientes monocromáticos, beges ou cinzas que viram moda. E eu ainda falo, esqueça o que está em moda, o que está em moda não traz a essência de quem usa, além do mais esses ambientes não são saudáveis.

A “moda” é uma prova, um exemplo, de como as pessoas são influenciadas por opiniões e comportamentos em massa.

Meu pensamento não é linear, as vezes é acelerado. Vou migrando de um lado para o outro. Falo de uma coisa e já estou falando de outra. Essa é uma característica do meu eu. E cada um tem a sua.

Esse lado da essência das pessoas, de quem são essas pessoas que irão ocupar determinado espaço, tem que ser considerados em um projeto. Esse é o lado não palpável no processo da reforma.

Não basta somente os processos racionais e etapas construtivas, projetos, textos, planilhas, é preciso também, incluir para quem é o usuário desse ambiente.

Espero que esse texto tenha trazido para cada um, um pouco mais de consciência.

Obrigada por chegar até aqui.

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